Na América Latina, o Brasil é o
quinto país com maior índice de mortalidade materna, estimada em 134 óbitos
para 100.000 nascidos vivos.
ABORTAMENTO
Conceitua-se como abortamento a morte ovular
ocorrida antes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste
produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito precoce quando
ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a 13ª e 22ª semanas.
TIPOS DE ABORTOS
Ameaça de aborto – situação em que há a
probabilidade do aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento
moderado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma dilatação;
Espontâneo – pode ocorrer por um ovo
defeituoso e o subsequente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta.
Dependendo da natureza do processo, é considerado:
Evitável – o colo do útero não se dilata, sendo evitado através de repouso e
tratamento conservador;
Inevitável – quando o aborto não pode ser prevenido, acontecendo a qualquer momento.
Apresenta-se com um sangramento intenso, dilatação do colo uterino e contrações
uterinas regulares. Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e
todos os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto (quando
algum tecido permanece retido no interior do útero);
Habitual – quando a mulher apresenta
abortamentos repetidos (três ou mais) de causa desconhecida;
Terapêutico – é a intervenção médica
aprovada pelo Código Penal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento
da gestante ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco
de vida ou gravidez decorrente de estupro;
Infectado – quando ocorre infecção
intra-útero por ocasião do abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante
as manobras para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido e secreção
cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia, desidratação, diminuição
dos movimentos intestinais, anemia, peritonite, septicemia e choque séptico.
Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e embolia pulmonar;
Provocado - é a interrupção ilegal da
gravidez, com a morte do produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer
que seja o seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas
privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, materiais
perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar à morte da mulher
ou evoluir para um aborto infectado;
Retido – é quando o feto morre e não é
expulso, ocorrendo a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode
ocorrer mal-estar geral, cefaléia e anorexia.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Controlar os sinais vitais,
Verificando sinais de choque
hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas, hipotensão, pulso
fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e apatia;
Verificar sangramento e
presença de partes da placenta ou embrião nos coágulos durante a troca dos
traçados ou absorventes colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do
sangramento pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente);
Controlar o gotejamento da hidratação venosa
para reposição de líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia,
soro antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) conforme
prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedimento (curetagem,
microcesariana, e outros);
Prestar os cuidados após os procedimentos
pós-operatórios; procurar tranqüilizar a mulher; comunicar qualquer
anormalidade imediatamente à equipe de saúde.
PLACENTA PRÉVIA (PP)
É uma intercorrência obstétrica de risco
caracterizada pela implantação da placenta na parte inferior do útero. Com o
desenvolvimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de
parto. Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do orifício,
ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Ambas situações
provocam risco de vida materna e fetal, em vista da hemorragia, a qual
apresenta sangramento de cor vermelho vivo, indolor, constante, sem causa
aparente, aparecendo a partir da 22 a semana de gravidez.
PRENHEZ ECTÓPICA OU EXTRA-UTERINA
Consiste numa intercorrência obstétrica de
risco, caracterizada pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por
exemplo, nas trompas uterinas, ovários e outros. Como sinais e sintomas, tal
intercorrência apresenta forte dor no baixo ventre, podendo estar seguida de
sangramento em grande quantidade. O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro
trimestre gestacional, através de ultra-sonografia. A equipe de enfermagem
deverá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de infecção.
A conduta obstétrica é cirúrgica
DOENÇAS HIPERTENSIVAS ESPECÍFICAS
DA GESTAÇÃO (DHEG)
DA GESTAÇÃO (DHEG)
A hipertensão na gravidez é uma complicação
comum e potencialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio
recém-nascido, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna, fetal
e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode apresentar-se de
forma leve, moderada ou grave.
FATORES DE RISCO
Adolescência
Idade acima de 35 anos
Conflitos psíquicos e afetivos
Desnutrição
Primeira gestação
História familiar de
hipertensão
Diabetes mellitus
Gestação múltipla e polidrâmnia
DHEG
PRÉ-ECLAMPSIA- Conceitua-se como o
aparecimento de hipertensão arterial ( 140x90 mmHg) acompanhada de proteinúria
(300mg) em urina 24h em gestação acima de 20 semanas, podendo haver ou não
edema.
CLASSIFICAÇÃO
PRÉ- ECLAMPSIA LEVE -Aumento moderado da PA (140x90mmHg); Proteinúria;
Discreto edema.
PRÉ-
ECLAMPSIA GRAVE- PA persistente ≥
160x110mmHg; Proteinúria 24h ≥ 2g em 24h; Oligúria (menor que 500 ml/dia, ou 15
ml/h); Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dia; Sinais de
encefalopatia hipertensiva; Sinais de insuficiência cardíaca; Plaquetopenia
(< 100.000 /mm3); Aumento de enzimas hepáticas e de bilirrubinas; Presença
de oligoâmnio; Evidência clínica e/ou laboratorial
ECLAMPSIA-É o aparecimento de convulsões seguidas ou não de coma em gestantes com
pré-eclâmpsia, não devido à doença neurológica coincidente.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Dieta hipossódica;
Manter repouso relativo em
decúbito lateral esquerdo;
Controle de PA;
Controle de diurese a cada 24h;
Controle de peso;
Manter acesso venoso periférico;
Atentar para sinais de
escotomas cintilantes e visão turva, cefaléia ,edema papilar e nível de
consciência.
SOFRIMENTO FETAL AGUDO (SFA)
O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a
saúde e a vida do feto estão sob risco, devido à asfixia causada pela
diminuição da chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico.
As trocas metabólicas existentes entre o
sangue materno e o fetal, realizadas pela circulação placentária, são
indispensáveis para manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um
período provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas
trocas será causa de SFA.
O sofrimento fetal pode ser diagnosticado
através de alguns sinais, como freqüência cardíaca fetal acima de 160
batimentos ou abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente
aumentados e posteriormente diminuídos.
Cuidados de Enfermafem: o profissional
de enfermagem deve estar atento aos níveis pressóricos da gestante, bem como
aos movimentos fetais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a
equipe de saúde
PARTO E NASCIMENTO HUMANIZADO
Até o século XVIII, as mulheres tinham seus
filhos em casa; o parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do
momento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a mulher
passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, deixando de ser ativa no
processo de seu parto.
PAPEL DA ENFERMAGEM
Nós, profissionais de saúde, devemos entender
que o parto não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido de
dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário, enquanto a mãe
dorme sob o efeito da anestesia.
A enfermagem possui importante
papel como integrante da equipe, no sentido de proporcionar uma assistência
humanizada e qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a
participação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, seu
acompanhante e seu filho recém-nascido.
ADMITINDO A PARTURIENTE
O atendimento da parturiente na sala de
admissão de uma maternidade deve ter como preocupação principal, uma recepção
acolhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assistência na
maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento: acompanhá-la na admissão
e encaminhá-la ao pré-parto; colher os exames laboratoriais solicitados
(hemograma, VDRL e outros exames, caso não os tenha realizado durante o
pré-natal); promover um ambiente tranqüilo e com privacidade; monitorar a
evolução do trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NOS PERIODOS DO
TRABALHO DE PARTO
DILATAÇÃO : estimular a mulher adotar posições alternativas como ficar de cócoras, de
joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que escolhidas pela
mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero, tornam as contrações mais
eficazes, ampliam o canal do parto e facilitam a descida do feto pela ação da
gravidade. A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de chuveiro, bem
como estimulada a fazer uma respiração profunda, realizar massagens na região
lombar – o que reduz sua ansiedade e tensão muscular - e urinar, pois a bexiga
cheia dificulta a descida do feto na bacia materna.
O controle dos sinais vitais
maternos é contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer alteração.
A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em quatro horas.
O toque vaginal deve ser realizado pelo
obstetra ou enfermeira, e tem a finalidade de verificar a dilatação e o
apagamento do colo uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto.
Para a realização do procedimento, o profissional de enfermagem deve preparar o
material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com solução
anti-séptica e comadre. A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável
para o exame
EXPULSÃO: o tecnico de enfermagem deve
encaminhar a parturiente à sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando;
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente
são necessárias cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade de
60 segundos cada. O profissional de enfermagem deve orientar que a parturiente
faça respiração torácica (costal) juntamente com as contrações, repousando nos
intervalos para conservar as energias.
Com a saída da cabeça e ombros, o corpo
desliza facilmente, acompanhado de um jato de líquido amniótico. Sugere-se
acomodar o recém-nascido, com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir
que a mãe o faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
o profissional de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
recém-nascido.
É importante manter o recém-nascido aquecido,
cobrindo-o com um lençol/campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A
mulher deve ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após o
parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do útero,
diminuindo o sangramento pós-parto.
DEQUIDAÇÃO: o profissional de
enfermagem deve verificar a tensão arterial da puérpera, identificando
alterações ou não dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro.
Antes de transferir a puérpera para a cadeira
ou maca, deve-se, utilizar luvas estéreis, realizar antissepsia da área
pubiana, massagear as panturrilhas, trocar a roupa e colocar um absorvente sob
a região perianal e pubiana. Caso o médico ou enfermeiro avalie que a puérpera
esteja em boas condições clínicas, será encaminhada, juntamente com o
recém-nascido, para o alojamento conjunto -acompanhados de seus prontuários,
prescrições e pertences pessoais
GREENBERG
Corresponde às primeiras duas horas após o
parto, fase em que ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação
da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido ao risco de
hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no centro obstétrico, para
criterioso acompanhamento
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
DURANTE O PARTO CESÁREO
DURANTE O PARTO CESÁREO
O parto cesáreo ou cesariana é
um procedimento cirúrgico, invasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma
incisão no abdome e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por
onde o feto é retirado.
ANESTESIAS MAIS UTILIZADAS
Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias
mais utilizadas são a raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna
vertebral.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Anestesia Raquidiana: tem o
inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaléia intensa no período
pós-anestésico, como prevenção, deve-se manter a puérpera deitada por algumas
horas (com a cabeceira a zero grau e sem travesseiro), orientando-a para que
não eleve a cabeça e estimulando-a à ingestão hídrica,
Anestesia Peridural: é mais empregada,
porém demora mais tempo para fazer efeito e não leva à perda total da
sensibilidade dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas, como
vantagem, não produz o incômodo da dor de cabeça.
PUERPÉRIO E SUAS COMPLICAÇÕES
O período puerperal é uma fase de grande
estresse fisiológico e psicológico. A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de
parto e outras condições desencadeadas pelo nascimento podem causar
complicações, sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser
prestada.
CLASSIFICAÇÃO DO PUERPÉRIO
De acordo com as alterações
físicas, o puerpério pode ser classificado em quatro fases distintas:
Imediato- primeiras 2 horas pós-parto
Mediato- da 2ª hora até o 10º dia
pós-parto
Tardio- do 11º dia até o 42º dia
pós-parto
Remoto- do 42º dia em diante
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Monitorar
os sinais vitais da puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de
lavagem das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. Além
disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias presentes no
reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões da vulva e do períneo
após cada eliminação fisiológica, no sentido da vulva para o ânus.
Para
facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a puérpera a limpar a
região com antisséptico, bem como estimular a ingesta hídrica e administrar medicação,
conforme prescrição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos
casos de curetagem, preparar a sala para o procedimento.
Caso haja
suspeita de hemorragia, o profissional de enfermagem deve avisar imediatamente
a equipe, auxiliando na assistência para reverter o quadro instalado,
atentando, sempre, para a possibilidade de choque hipovolêmico.
Deve, ainda,
providenciar um acesso venoso permeável para a administração de infusão e
medicações; bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero,
massageando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue para
exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no banco de sangue
existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o da mulher - em caso de
reposição - e preparar a puérpera para a intervenção cirúrgica, caso isto se
faça necessário.
Complementando esta avaliação, também há
verificação dos sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca
diminui para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto, em
vista da redução no volume sanguíneo.
Uma
taquicardia pode indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até
ansiedade. A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode estar
relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é sugestivo de
hipertensão. É também importante observar o nível de consciência da puérpera e
a coloração das mucosas.
Outros
cuidados adicionais são: observar o períneo, avaliando a integridade, o edema e
a episiorrafia; aplicar compressas de gelo nesta região, pois isto propicia a
vasoconstrição, diminuindo o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor;
avaliar os membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimentos
sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
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