INTRODUÇÃO
TIDO DAS EXÉQUIAS CRISTÃS:
Com
este trabalho de pesquisa, tenho o intuito de fazer uma viagem pelo rito das
exéquias, conhecer um pouco mais e perceber o significado da morte para o cristão.
No trabalho, serão abordados alguns pontos em relação ao conceito e o sentido das exéquias para o cristão; faremos um trajeto histórico desde o século I, passando pelo século VII, onde se tem notícia do primeiro ritual romano de exéquias; seguindo para 1969, com o a celebração das exéquias depois do Vaticano II e algumas novidades, e chegando até os dias de hoje, aqui falaremos dos principais momentos da celebração eucarística das exéquias e de alguns símbolos e ações significativas na ótica de Ione Buyst.
1. O QUE É O RITO DAS EXÉQUIAS?
Exéquia é um conjunto de ritos e orações que a Igreja faz, por ocasião da morte de um fiel cristão, desde o momento que expira até seu cadáver ser colocado no sepulcro ou incinerado.
O ritual vai além de uma simples cerimônia de encomendação de defuntos durante o velório. Ele é um direito do cristão e um dever dos ministros da Igreja e da comunidade eclesial para com os irmãos falecidos.
Celebrar o rito com o corpo presente é acompanhá-lo até o fim e realizar a sua entrega a Deus. O rito das exéquias deve exprimir a índole pascal da morte cristã e corresponda ainda melhor às condições e tradições das diversas religiões também com relação à cor liturgia.
A morte é um chamado de Deus ao homem, pois Deus chama-o para si, por isso o cristão pode transformar a morte num ato de obediência e amor a Deus deixando a saudade na terra para obter um encontro de alegria com o transcendente. O sentido das exéquias se expressa também, como a última Páscoa do Cristão.
O sentido cristão da morte é revelado também à luz do mistério pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, em que repousa nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo Jesus deixa este corpo para ir morar junto do Senhor. O dia da morte inaugura para o cristão, ao final de sua vida sacramental, a consumação de seu novo nascimento, iniciado no batismo, a "semelhança" definitiva à "imagem do Filho", conferida pela unção do Espírito Santo, e a participação na festa do Reino, antecipada na Eucaristia, mesmo necessitando de últimas purificações para vestir a roupa nupcial.
A Igreja que, como Mãe, trouxe sacramentalmente em seu seio o cristão durante sua peregrinação terrena, acompanha-o, ao final de sua caminhada, para entrega-lo "as mãos do Pai". Ela oferece ao Pai, em Cristo, o filho de sua graça e deposita na terra, na esperança, o germe do corpo que ressuscitará na glória. Esta oferenda é plenamente celebrada pelo Sacrifício Eucarístico.
As exéquias constituem uma classe de ritos comparáveis aos de outras religiões. Para descobrir os valores especificamente cristãos das exéquias é interessante fazer uma comparação com os ritos funerários pagãos, e podemos perceber que: são ao mesmo tempo um ato profundamente humano e um rito religioso e sagrado; é ao mesmo tempo culto divino e o culto aos mortos; é expressão de comunhão entre vivos e defuntos e manifestação da esperança. Em relação a cada uma destas dimensões, podemos também distribuir os principais valores das exéquias cristãs.
2.1 Celebração litúrgica da morte
Os ritos e orações na morte de um cristão podem ser visto como simples prova de sentimento humano, mas em outras culturas os funerais tiveram um significado religioso, muito mais no cristianismo, para o qual todo o autenticamente humano é susceptível de adquirir sentido sagrado.
A celebração litúrgica tem seu próprio lugar: o viático e a recomendação do moribundo constituem as ações litúrgicas que convertem de um ato fisiológico numa celebração cristã. A morte pode ser objeto de celebração litúrgica quando está ligada com o mistério pascal de Jesus Cristo, única realidade que é de fato celebrada pelos cristãos.
Através das exéquias a Igreja reza pelos defuntos e dá ensinamentos aos vivos, e celebra a morte como um evento de salvação.
2.2 Veneração cristã do corpo
Podemos falar dos ritos funerais como honras fúnebres, mas num sentido diferente ao do paganismo: neste culto o morto adquire um temor supersticioso, ou aspectos somente divinos.
Para o cristão os ritos fúnebres tem razões relacionadas a fé: o corpo do cristão foi instrumento do Espírito Santo e é chamado à ressurreição gloriosa. A mesma realidade corporal que, em vida, havia sido banhada pela água do batismo, ungida com óleo santo, alimentada com o pão e o vinho eucarísticos, marcada com o sinal da salvação, protegida com a imposição das mãos,isto é, aquele cristão que durante sua vida foi instrumento da eficácia dos sacramentos, e que após sua morte é convertido em cadáver, continua sendo objeto de cuidado solícito da mãe Igreja.
No trabalho, serão abordados alguns pontos em relação ao conceito e o sentido das exéquias para o cristão; faremos um trajeto histórico desde o século I, passando pelo século VII, onde se tem notícia do primeiro ritual romano de exéquias; seguindo para 1969, com o a celebração das exéquias depois do Vaticano II e algumas novidades, e chegando até os dias de hoje, aqui falaremos dos principais momentos da celebração eucarística das exéquias e de alguns símbolos e ações significativas na ótica de Ione Buyst.
1. O QUE É O RITO DAS EXÉQUIAS?
Exéquia é um conjunto de ritos e orações que a Igreja faz, por ocasião da morte de um fiel cristão, desde o momento que expira até seu cadáver ser colocado no sepulcro ou incinerado.
O ritual vai além de uma simples cerimônia de encomendação de defuntos durante o velório. Ele é um direito do cristão e um dever dos ministros da Igreja e da comunidade eclesial para com os irmãos falecidos.
Celebrar o rito com o corpo presente é acompanhá-lo até o fim e realizar a sua entrega a Deus. O rito das exéquias deve exprimir a índole pascal da morte cristã e corresponda ainda melhor às condições e tradições das diversas religiões também com relação à cor liturgia.
A morte é um chamado de Deus ao homem, pois Deus chama-o para si, por isso o cristão pode transformar a morte num ato de obediência e amor a Deus deixando a saudade na terra para obter um encontro de alegria com o transcendente. O sentido das exéquias se expressa também, como a última Páscoa do Cristão.
O sentido cristão da morte é revelado também à luz do mistério pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, em que repousa nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo Jesus deixa este corpo para ir morar junto do Senhor. O dia da morte inaugura para o cristão, ao final de sua vida sacramental, a consumação de seu novo nascimento, iniciado no batismo, a "semelhança" definitiva à "imagem do Filho", conferida pela unção do Espírito Santo, e a participação na festa do Reino, antecipada na Eucaristia, mesmo necessitando de últimas purificações para vestir a roupa nupcial.
A Igreja que, como Mãe, trouxe sacramentalmente em seu seio o cristão durante sua peregrinação terrena, acompanha-o, ao final de sua caminhada, para entrega-lo "as mãos do Pai". Ela oferece ao Pai, em Cristo, o filho de sua graça e deposita na terra, na esperança, o germe do corpo que ressuscitará na glória. Esta oferenda é plenamente celebrada pelo Sacrifício Eucarístico.
As exéquias constituem uma classe de ritos comparáveis aos de outras religiões. Para descobrir os valores especificamente cristãos das exéquias é interessante fazer uma comparação com os ritos funerários pagãos, e podemos perceber que: são ao mesmo tempo um ato profundamente humano e um rito religioso e sagrado; é ao mesmo tempo culto divino e o culto aos mortos; é expressão de comunhão entre vivos e defuntos e manifestação da esperança. Em relação a cada uma destas dimensões, podemos também distribuir os principais valores das exéquias cristãs.
2.1 Celebração litúrgica da morte
Os ritos e orações na morte de um cristão podem ser visto como simples prova de sentimento humano, mas em outras culturas os funerais tiveram um significado religioso, muito mais no cristianismo, para o qual todo o autenticamente humano é susceptível de adquirir sentido sagrado.
A celebração litúrgica tem seu próprio lugar: o viático e a recomendação do moribundo constituem as ações litúrgicas que convertem de um ato fisiológico numa celebração cristã. A morte pode ser objeto de celebração litúrgica quando está ligada com o mistério pascal de Jesus Cristo, única realidade que é de fato celebrada pelos cristãos.
Através das exéquias a Igreja reza pelos defuntos e dá ensinamentos aos vivos, e celebra a morte como um evento de salvação.
2.2 Veneração cristã do corpo
Podemos falar dos ritos funerais como honras fúnebres, mas num sentido diferente ao do paganismo: neste culto o morto adquire um temor supersticioso, ou aspectos somente divinos.
Para o cristão os ritos fúnebres tem razões relacionadas a fé: o corpo do cristão foi instrumento do Espírito Santo e é chamado à ressurreição gloriosa. A mesma realidade corporal que, em vida, havia sido banhada pela água do batismo, ungida com óleo santo, alimentada com o pão e o vinho eucarísticos, marcada com o sinal da salvação, protegida com a imposição das mãos,isto é, aquele cristão que durante sua vida foi instrumento da eficácia dos sacramentos, e que após sua morte é convertido em cadáver, continua sendo objeto de cuidado solícito da mãe Igreja.
O
Ritual atual prevê que o corpo do defunto seja aspergido com água bento,
iluminado com luzes e tratado com o máximo respeito. O corpo é algo sagrado
para o cristão e é objeto da salvação.
2.3 Comunhão entre vivos e mortos
O cristianismo aceita a convicção pagã que o defunto não desaparece nem se afasta totalmente do mundo dos seres vivos, mas a eleva a um plano totalmente iluminado pela fé. Temos alguns aspectos que mostram essas verdades:
A presença da comunidade junto ao cadáver, no inicio tratava-se apenas de um grupo familiar, com o passar dos tempos a comunidade paroquial começou a participar, nem que seja só o pároco desde o momento da morte até os ritos fúnebres.
Nos ritos mortuários, e nas orações e cânticos, há invocações a Virgem Maria, aos anjos e santos. Além de ser um aspecto de petição de intercessão, é preciso ressaltar a intenção primeira da liturgia, a de convocar todos os membros celestiais para que recebam em sua companhia.
Ao falarmos de procissão, podemos considerar a procissão de exéquias como um tipo especial de procissão litúrgica. Atualmente, com os grandes centros, o trânsito e também porque em muitos lugares as salas onde se realizam os velórios, estão dentro dos próprios cemitérios, está se perdendo o sentido da procissão com o defunto.
A liturgia dos funerais tem como objetivo orar pelo defunto, elevar preces de intercessão pelo defunto, nas dimensões do perdão dos pecados, da libertação das penas do inferno e na entrada na glória celestial; e também de criar uma intima relação entre vivos e mortos. Tudo isso demonstra a estreita relação entre comunidade dos vivos e o defunto.
A liturgia das exéquias está destinada a catequizar os fiéis vivos. Diante da morte, a Igreja ministra um ensinamento vivo que serve para reforçar os laços de união entre os filhos. As leituras bíblicas, homilia, orações e cânticos constituem uma parte essencial de tal ensinamento catequético.
2.4 Esperança da ressurreição
A esperança da ressurreição é um dos motivos mais manifestos das exéquias cristãs. Os textos das leituras bíblicas, dos salmos, das antífonas e das orações exprimem constantemente a confiança na ressurreição dos mortos.
O rito de enterro também tem este significado. O rico simbolismo da inumação (é o ato de sepultar/enterrar um corpo por exemplo no cemitério), herdado de outras religiões, é o que explica a resistência que a Igreja Católica teve em admitir outro tipo de práticas com relação aos cadáveres.
A atual legislação canônica admite a cremação e incineração, desde que não represente um desprezo pelo dogma da ressurreição e nem se apresente uma atitude anticristã.
3. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS EXÉQUIAS
3.1 Dos ritos pagãos aos ritos cristãos
Em Roma e no ocidente, os cristãos conservavam para os funerais os costumes próprios da sociedade da época, com algumas modificações inspiradas por sua fé. Sobre Roma e África, século III-IV possui uma documentação baseada em escritos patrísticos e inscrições funerais.
Antes de expirar, o cristão recebe o viático, concedido também aos pecadores excomungados e ainda aos não reconciliados. O viático, que é o alimento necessário para fazer a ultima viagem, substitui a moeda que gregos e romanos punham na boca do defunto para permitir que ele pagasse o pedágio do trânsito. Logo depois, o corpo é lavado e perfumado enquanto se cantam salmos em clima de confiança na ressurreição.
Com túnica branca, o cadáver é colocado no leito por algumas horas. O sepultamento é feito no mesmo dia, ou no dia seguinte pela manhã em seguida seu corpo coberto só com um lençol é levado em procissão até o lugar da sepultura.
Nos séculos I e II, os cristãos eram enterrados em túmulos entre os pagãos. No início do século III com o crescimento dos cristãos, a Igreja de Roma organiza seus cemitérios em catacumbas, alguns cristãos mais ricos usavam sarcófagos de pedra.
No final do século III, algumas testemunhas atestam a presença de um presbítero que reza uma oração. No século IV, em alguns casos, começa-se a celebrar a eucaristia ao lado do túmulo depois da inumação. Pouco a pouco, a eucaristia é celebrada na igreja, substituindo o refrigerium: os cristãos compreendem que Cristo deixou uma refeição diferente, penhor de comunhão e ressurreição; está eucaristia funerária pretende associar o trânsito do cristão ao mistério pascal de Cristo.
3.2 O ritual romano do século VII
O primeiro ritual romano da morte e exéquias que se tem notícia remonta ao fim do século VII. Quando um cristão morre, recebe a eucaristia que para ele é o penhor da ressurreição, depois o presbítero ou diácono lê o relato da paixão, seguindo com o canto do salmo 113 (Salmo pascal de libertação).
Após a morte e a preparação do cadáver, canta-se o salmo 96, e depois e levado para igreja onde não se celebra a eucaristia, mas um ofício que prevê a recitação de alguns salmos e responsórios, e alguma leitura do livro de Jô. Em particular canta-se o salmo 41 (que exprime o desejo de ser admitido à presença de Deus).
Após esta celebração dentro da igreja, o defunto é levado em procissão até a sepultura, no trajeto canta-se o salmo 41, 50, 113 e 117. Este ritual possui um evidente caráter pascal. Os salmos 113 e 117 cantados no começo e no final da liturgia, são os mesmos cantados no começo e no fim da refeição pascal hebraica.
A celebração das exéquias é a celebração do êxodo pascal; o cortejo é a procissão que canta enquanto conduz de sua morada terrena para a Jerusalém celeste. A comunidade acompanha o trajeto o mais longe possível, e na chegada ele é acolhido por aqueles que já fizeram este trajeto, os habitantes do céu.
3.3 A celebração das exéquias depois do Vaticano II
O novo Ordo Exsequiarum foi publicado em 1969 em latim pela Congregação para o Culto Divino. A Constituição conciliar sobre a liturgia declara: "O rito das exéquias deve exprimir mais claramente a índole pascal da morte cristã. E corresponder ainda melhor às condições e tradições das diversas regiões também com relação à cor litúrgica".
A revisão do ritual deveria corresponder a uma exigência teológica: manifestação mais acentuada do caráter pascal da morte cristã; e uma exigência antropológica: perceber as diversidades das situações de acordo com os países, os ambientes, e a idade do defunto.
Em 1964, o grupo de trabalho para a preparação o novo ritual das exéquias, pesquisou sobre práticas funerais no mundo e constatou três tipos principais de práticas:
1. A celebração litúrgica mais importante ocorria na igreja com missa e absolvição exequial, era costume na Itália e na França.
2. Nos países de língua alemã, o defunto era levado direto no cemitério, e ali se desenrolava o rito litúrgico.
3. A celebração se realizava na própria residência do defunto, isso acontecia por distância da igreja ou do cemitério, ou ainda por motivos de tradições locais, em algumas regiões da África e Europa.
A partir disso, estava previsto que o novo ritual seria traduzido e adaptado a critério de cada conferência episcopal (Ordo Exsequiarum nº 22). Na adaptação as conferências episcopais deveriam:
· Examinar quais os elementos tradicionais locais;
· Manter alguns elementos dos rituais anteriores;
· Traduzir os textos adaptando-os ao caráter próprio das línguas e das culturas, e propor os cantos;
· Eventualmente acrescentar textos e rubricas novas;
· Julgar se leigos poderiam presidir as exéquias;
· Decidir sobre a cor litúrgica das exéquias;
No Brasil, com poucas modificações, a nova versão traduzida e adaptada foi publicada em 1971.
3.4 Estrutura do rito
Tendo em vista os três tipos de celebrações das exéquias, podemos destacar alguns elementos fundamentais:
· A consolação da fé dirigida aos parentes do defunto começa o rito de acolhida, de contato humano.
· O segundo passo é a liturgia da Palavra. Os principais temas das leituras são o mistério pascal, a esperança de reencontrar-se no Reino de Deus, a piedade para com o defunto e o valor do testemunho de vida cristã.
· A celebração da Eucaristia é elemento normal da liturgia fúnebre. A missa não é só uma oração pelo defunto, mas uma forma de vincular a passagem do cristão com o mistério da Páscoa de Cristo.
· E no quarto elemento, a recomendação e a última saudação. Este rito substitui o antigo rito da absolvição e tem, sobretudo o significado de intercessão pelo defunto.
3.5 Novidades
O novo rito prevê algumas inovações que merecem ser destacadas:
>> A incineração ou cremação é admitida com a condição que não constitua um gesto anticristão, mas é valido lembrar que a Igreja tem preferência pela inumação pelo fato de confiar o corpo à terra de onde foi tirado. Neste caso, o ritual exequial pode ser celebrado no edifício onde se acha o crematório.
>> O ministro das exéquias normalmente é o sacerdote ou o diácono. A conferência episcopal pode decidir que em sua ausência que os funerais sejam presididos por leigos.
>> "As exéquias das crianças foram revistas como exigia a constituição conciliar. Entre o antigo ritual e o novo, a mudança da mentalidade provém do fato de que a mortalidade infantil, que em outros tempos era freqüente e quase normal, se tornou excepcional pelo menos em muitos países. Assim, a morte de criança é sentida de uma maneira muito mais dolorosa do que em outros tempos".
>> Ao falar de exéquias cristãs de crianças não batizadas, o novo ritual esclarece que não se deve minimizar o batismo e sua importância. A liturgia confia a criança à misericórdia de Deus, mas sem afirmar que ela está no céu.
4.CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS CRISTÃS
4.1 Principais momentos da celebração de exéquias
O ritual das exéquias é um dos mais ricos da Igreja pela diversidade de situações passíveis de ser atendidas. Isso é resultado de uma sabedoria simbólica e litúrgica acumulada ao longo de dois mil anos.
O ritual de exéquias propícia, desde o início, orações a serem realizadas na casa do morto ou no local onde se espera a chegada do corpo. Propõe também, orações e vigílias durante o velório, e orações quando o defunto é colocado na "essa" (estrado onde se colocado um cadáver enquanto acontecem as cerimônias fúnebres).
Seguindo a liturgia romana, com o corpo presente são propostas três grandes tipos de ritual de exéquias:
a) o primeiro é para ser celebrado na casa do morto, na igreja e no cemitério.
2.3 Comunhão entre vivos e mortos
O cristianismo aceita a convicção pagã que o defunto não desaparece nem se afasta totalmente do mundo dos seres vivos, mas a eleva a um plano totalmente iluminado pela fé. Temos alguns aspectos que mostram essas verdades:
A presença da comunidade junto ao cadáver, no inicio tratava-se apenas de um grupo familiar, com o passar dos tempos a comunidade paroquial começou a participar, nem que seja só o pároco desde o momento da morte até os ritos fúnebres.
Nos ritos mortuários, e nas orações e cânticos, há invocações a Virgem Maria, aos anjos e santos. Além de ser um aspecto de petição de intercessão, é preciso ressaltar a intenção primeira da liturgia, a de convocar todos os membros celestiais para que recebam em sua companhia.
Ao falarmos de procissão, podemos considerar a procissão de exéquias como um tipo especial de procissão litúrgica. Atualmente, com os grandes centros, o trânsito e também porque em muitos lugares as salas onde se realizam os velórios, estão dentro dos próprios cemitérios, está se perdendo o sentido da procissão com o defunto.
A liturgia dos funerais tem como objetivo orar pelo defunto, elevar preces de intercessão pelo defunto, nas dimensões do perdão dos pecados, da libertação das penas do inferno e na entrada na glória celestial; e também de criar uma intima relação entre vivos e mortos. Tudo isso demonstra a estreita relação entre comunidade dos vivos e o defunto.
A liturgia das exéquias está destinada a catequizar os fiéis vivos. Diante da morte, a Igreja ministra um ensinamento vivo que serve para reforçar os laços de união entre os filhos. As leituras bíblicas, homilia, orações e cânticos constituem uma parte essencial de tal ensinamento catequético.
2.4 Esperança da ressurreição
A esperança da ressurreição é um dos motivos mais manifestos das exéquias cristãs. Os textos das leituras bíblicas, dos salmos, das antífonas e das orações exprimem constantemente a confiança na ressurreição dos mortos.
O rito de enterro também tem este significado. O rico simbolismo da inumação (é o ato de sepultar/enterrar um corpo por exemplo no cemitério), herdado de outras religiões, é o que explica a resistência que a Igreja Católica teve em admitir outro tipo de práticas com relação aos cadáveres.
A atual legislação canônica admite a cremação e incineração, desde que não represente um desprezo pelo dogma da ressurreição e nem se apresente uma atitude anticristã.
3. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS EXÉQUIAS
3.1 Dos ritos pagãos aos ritos cristãos
Em Roma e no ocidente, os cristãos conservavam para os funerais os costumes próprios da sociedade da época, com algumas modificações inspiradas por sua fé. Sobre Roma e África, século III-IV possui uma documentação baseada em escritos patrísticos e inscrições funerais.
Antes de expirar, o cristão recebe o viático, concedido também aos pecadores excomungados e ainda aos não reconciliados. O viático, que é o alimento necessário para fazer a ultima viagem, substitui a moeda que gregos e romanos punham na boca do defunto para permitir que ele pagasse o pedágio do trânsito. Logo depois, o corpo é lavado e perfumado enquanto se cantam salmos em clima de confiança na ressurreição.
Com túnica branca, o cadáver é colocado no leito por algumas horas. O sepultamento é feito no mesmo dia, ou no dia seguinte pela manhã em seguida seu corpo coberto só com um lençol é levado em procissão até o lugar da sepultura.
Nos séculos I e II, os cristãos eram enterrados em túmulos entre os pagãos. No início do século III com o crescimento dos cristãos, a Igreja de Roma organiza seus cemitérios em catacumbas, alguns cristãos mais ricos usavam sarcófagos de pedra.
No final do século III, algumas testemunhas atestam a presença de um presbítero que reza uma oração. No século IV, em alguns casos, começa-se a celebrar a eucaristia ao lado do túmulo depois da inumação. Pouco a pouco, a eucaristia é celebrada na igreja, substituindo o refrigerium: os cristãos compreendem que Cristo deixou uma refeição diferente, penhor de comunhão e ressurreição; está eucaristia funerária pretende associar o trânsito do cristão ao mistério pascal de Cristo.
3.2 O ritual romano do século VII
O primeiro ritual romano da morte e exéquias que se tem notícia remonta ao fim do século VII. Quando um cristão morre, recebe a eucaristia que para ele é o penhor da ressurreição, depois o presbítero ou diácono lê o relato da paixão, seguindo com o canto do salmo 113 (Salmo pascal de libertação).
Após a morte e a preparação do cadáver, canta-se o salmo 96, e depois e levado para igreja onde não se celebra a eucaristia, mas um ofício que prevê a recitação de alguns salmos e responsórios, e alguma leitura do livro de Jô. Em particular canta-se o salmo 41 (que exprime o desejo de ser admitido à presença de Deus).
Após esta celebração dentro da igreja, o defunto é levado em procissão até a sepultura, no trajeto canta-se o salmo 41, 50, 113 e 117. Este ritual possui um evidente caráter pascal. Os salmos 113 e 117 cantados no começo e no final da liturgia, são os mesmos cantados no começo e no fim da refeição pascal hebraica.
A celebração das exéquias é a celebração do êxodo pascal; o cortejo é a procissão que canta enquanto conduz de sua morada terrena para a Jerusalém celeste. A comunidade acompanha o trajeto o mais longe possível, e na chegada ele é acolhido por aqueles que já fizeram este trajeto, os habitantes do céu.
3.3 A celebração das exéquias depois do Vaticano II
O novo Ordo Exsequiarum foi publicado em 1969 em latim pela Congregação para o Culto Divino. A Constituição conciliar sobre a liturgia declara: "O rito das exéquias deve exprimir mais claramente a índole pascal da morte cristã. E corresponder ainda melhor às condições e tradições das diversas regiões também com relação à cor litúrgica".
A revisão do ritual deveria corresponder a uma exigência teológica: manifestação mais acentuada do caráter pascal da morte cristã; e uma exigência antropológica: perceber as diversidades das situações de acordo com os países, os ambientes, e a idade do defunto.
Em 1964, o grupo de trabalho para a preparação o novo ritual das exéquias, pesquisou sobre práticas funerais no mundo e constatou três tipos principais de práticas:
1. A celebração litúrgica mais importante ocorria na igreja com missa e absolvição exequial, era costume na Itália e na França.
2. Nos países de língua alemã, o defunto era levado direto no cemitério, e ali se desenrolava o rito litúrgico.
3. A celebração se realizava na própria residência do defunto, isso acontecia por distância da igreja ou do cemitério, ou ainda por motivos de tradições locais, em algumas regiões da África e Europa.
A partir disso, estava previsto que o novo ritual seria traduzido e adaptado a critério de cada conferência episcopal (Ordo Exsequiarum nº 22). Na adaptação as conferências episcopais deveriam:
· Examinar quais os elementos tradicionais locais;
· Manter alguns elementos dos rituais anteriores;
· Traduzir os textos adaptando-os ao caráter próprio das línguas e das culturas, e propor os cantos;
· Eventualmente acrescentar textos e rubricas novas;
· Julgar se leigos poderiam presidir as exéquias;
· Decidir sobre a cor litúrgica das exéquias;
No Brasil, com poucas modificações, a nova versão traduzida e adaptada foi publicada em 1971.
3.4 Estrutura do rito
Tendo em vista os três tipos de celebrações das exéquias, podemos destacar alguns elementos fundamentais:
· A consolação da fé dirigida aos parentes do defunto começa o rito de acolhida, de contato humano.
· O segundo passo é a liturgia da Palavra. Os principais temas das leituras são o mistério pascal, a esperança de reencontrar-se no Reino de Deus, a piedade para com o defunto e o valor do testemunho de vida cristã.
· A celebração da Eucaristia é elemento normal da liturgia fúnebre. A missa não é só uma oração pelo defunto, mas uma forma de vincular a passagem do cristão com o mistério da Páscoa de Cristo.
· E no quarto elemento, a recomendação e a última saudação. Este rito substitui o antigo rito da absolvição e tem, sobretudo o significado de intercessão pelo defunto.
3.5 Novidades
O novo rito prevê algumas inovações que merecem ser destacadas:
>> A incineração ou cremação é admitida com a condição que não constitua um gesto anticristão, mas é valido lembrar que a Igreja tem preferência pela inumação pelo fato de confiar o corpo à terra de onde foi tirado. Neste caso, o ritual exequial pode ser celebrado no edifício onde se acha o crematório.
>> O ministro das exéquias normalmente é o sacerdote ou o diácono. A conferência episcopal pode decidir que em sua ausência que os funerais sejam presididos por leigos.
>> "As exéquias das crianças foram revistas como exigia a constituição conciliar. Entre o antigo ritual e o novo, a mudança da mentalidade provém do fato de que a mortalidade infantil, que em outros tempos era freqüente e quase normal, se tornou excepcional pelo menos em muitos países. Assim, a morte de criança é sentida de uma maneira muito mais dolorosa do que em outros tempos".
>> Ao falar de exéquias cristãs de crianças não batizadas, o novo ritual esclarece que não se deve minimizar o batismo e sua importância. A liturgia confia a criança à misericórdia de Deus, mas sem afirmar que ela está no céu.
4.CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS CRISTÃS
4.1 Principais momentos da celebração de exéquias
O ritual das exéquias é um dos mais ricos da Igreja pela diversidade de situações passíveis de ser atendidas. Isso é resultado de uma sabedoria simbólica e litúrgica acumulada ao longo de dois mil anos.
O ritual de exéquias propícia, desde o início, orações a serem realizadas na casa do morto ou no local onde se espera a chegada do corpo. Propõe também, orações e vigílias durante o velório, e orações quando o defunto é colocado na "essa" (estrado onde se colocado um cadáver enquanto acontecem as cerimônias fúnebres).
Seguindo a liturgia romana, com o corpo presente são propostas três grandes tipos de ritual de exéquias:
a) o primeiro é para ser celebrado na casa do morto, na igreja e no cemitério.
b)
o segundo, é para ser celebrado na capela do cemitério ou junto a sepultura.
c) e o terceiro, é para ser celebrado na casa do morto.
No Brasil, o celebrante pode ser um sacerdote ou leigo ministro de exéquias, na impossibilidade de um ministro da Igreja celebrar, um amigo ou familiar de vida cristã reconhecida e familiarizado com o ritual de exéquias.
Os pontos seguintes destacam cinco momentos principais do ritual: acolhida, celebração da Palavra, a oração do Pai-nosso, e rito de encomendação e a despedida.
>> Acolhida: "No inicio da celebração, o ministro acolhe, simultaneamente, o defunto e a comunidade. Trata-se de um gesto próprio: acolher o cadáver e os irmãos. (...) o fundamental é que a acolhida seja um convite à transcendência, a uma aproximação com o mundo divino, em que se crê que de uma forma ou de outra o defunto foi incorporado. Nesse mesmo sentido, vão a oração ou as preces iniciais".
>> Celebração da Palavra: Nas exéquias reúnem-se dois pólos: evangelização e liturgia. A Palavra deve ser ouvida! Os ministros devem ler e falar claramente. Para a Igreja, somente a Palavra proclamada e aceita, assegura às exéquias seu caráter de expressão da fé cristã. No novo rito, a Palavra é um elemento imprescindível e fundamental.
>> A oração do Pai-nosso: A oração do Pai Nosso dá início à entrega simbólica do irmão falecido nas mãos de Deus. Essa oração nos abre as portas dos céus, é uma forma de evocar, ao longo de toda a vida, nossa filiação a Deus. No batismo, a comunidade reza o pai-nosso em nome da e pela criança recém-batizada. O cristão retoma esta oração em cada missa, em cada cerimônia religiosa, nos momento de alegria e de tristeza, no desespero e no júbilo. No ritual das exéquias, mais uma vez a comunidade reunida, rezará a oração pai-nosso em nome e pelo irmão falecido. O cristão deixa a comunidade e parte ao encontro de Deus com esse manifesto de filiação.
>> O rito de encomendação e a despedida: A ultima recomendação e despedida ocupa o lugar da antiga absolvição do rito romano, trata-se da ultima despedida com que a comunidade cristã saúda um de seus membros e reza por ele, antes que o corpo seja levado para a sepultura. O ritual se desenvolve da seguinte maneira: o presidente introduz uma monição, depois segue alguns momentos em silêncio, o gesto de aspersão e o cântico de despedida, elemento importantíssimo já que sublinha o caráter pascal e festivo de todo rito. Pode-se autorizar um representante dos parentes ou amigos do defunto que pronuncie algumas palavras de despedida e gratidão aos presentes.
4.2 Símbolos e ações significativas.
O ritual de exéquias descreve vários tipos de celebrações, e sugere que se aceite o que houver de bom nas tradições familiares e nos costumes de cada região. Abaixo estão algumas ações simbólicas e significativas:
·Cor litúrgica: se possível usar branco, cor de ressurreição.
·Aspergir o corpo com água benta na casa do morto e na ultima encomendação: lembrança do batismo. Agora está completando sua páscoa, sua ida para a casa do Pai.
·Procissão com o corpo tendo a cruz na frente: expressa nossa vida de seguimento de Jesus, desemboca na morte e na ressurreição, comunhão com todos(as) na casa do Pai.
·A colocação do corpo na igreja: se for leigo (a), com o rosto voltado para o altar, se é ministro ordenado, com o rosto voltado para o povo. Mesmo depois de morto continua fazendo parte do povo de Deus, e será lembrado nas celebrações litúrgicas.
· Em cima do caixão, o livro do Evangelho ou a Bíblia; ao redor, velas acesas ou o círio pascal junto da cabeça do morto: sentido evangélico e pascal pelo qual foi marcada a vida da pessoa falecida.
· Em cima do caixão, o livro do Evangelho ou a Bíblia; ao redor, velas acesas ou o círio pascal junto da cabeça do morto: sentido evangélico e pascal juntamente com a oferta pascal de Jesus Cristo. No corpo de Cristo, continuamos unidos (as) com todos (as) que nos procederam na morte, na esperança da ressurreição e do banquete na festa do Reino de Deus. Creio na comunhão dos santos, na ressurreição da carne, na vida eterna...
·Benção do túmulo (com aspersão): pedindo o repouso tranqüilo da pessoa falecida nesta "última morada", na espera da ressurreição definitiva.
Conclusão
Ao término deste trabalho e com uma visão mais ampla do conceito, do sentido das exéquias cristãs, do desenvolvimento histórico e das ações litúrgicas das exéquias, é possível perceber a riqueza deste rito para o cristão. "O ritual das exéquias é um dos mais ricos da Igreja pela diversidade de situações passíveis de ser atendidas".
Ao caminharmos pela história, podemos também perceber as mudanças feitas ao longo de dois mil anos, e as adaptações de acordo com cada realidade e cultura. No Brasil, com algumas modificações, a nova versão foi publicada em 1971, a partir daí, o ritual das exéquias tomou novos rumos adaptando-se às realidades e as culturas das diversas regiões do Brasil.
BIBLIOGRAFIA
BORÓBIO, Díonisio. A celebração na Igreja - Os sacramentos. Vol. 2. São Paulo: Loyola, 1993.
BUYST, Ione, Celebrar com símbolos. São Paulo: Paulinas, 2001.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1999.
DICIONÁRIO DE PASTORAL, verbete: exéquias. São Paulo, editora Santuário.
MIRANDA, Evaristo E. A foice da lua no campo das estrelas – Ministrar exéquias. São Paulo: Loyola, 1998.
SCICOLONE, Hildebrando. Os sacramentais e as bênçãos. São Paulo: Paulinas, 1993.
SACROSANCTUM CONCILIUM. Documentos da Igreja. São Paulo: Paulus, 1997.
Elaboração: Fabiano Vuelma
fonte: br.geocities.com/hermes_filosofia/exequias
c) e o terceiro, é para ser celebrado na casa do morto.
No Brasil, o celebrante pode ser um sacerdote ou leigo ministro de exéquias, na impossibilidade de um ministro da Igreja celebrar, um amigo ou familiar de vida cristã reconhecida e familiarizado com o ritual de exéquias.
Os pontos seguintes destacam cinco momentos principais do ritual: acolhida, celebração da Palavra, a oração do Pai-nosso, e rito de encomendação e a despedida.
>> Acolhida: "No inicio da celebração, o ministro acolhe, simultaneamente, o defunto e a comunidade. Trata-se de um gesto próprio: acolher o cadáver e os irmãos. (...) o fundamental é que a acolhida seja um convite à transcendência, a uma aproximação com o mundo divino, em que se crê que de uma forma ou de outra o defunto foi incorporado. Nesse mesmo sentido, vão a oração ou as preces iniciais".
>> Celebração da Palavra: Nas exéquias reúnem-se dois pólos: evangelização e liturgia. A Palavra deve ser ouvida! Os ministros devem ler e falar claramente. Para a Igreja, somente a Palavra proclamada e aceita, assegura às exéquias seu caráter de expressão da fé cristã. No novo rito, a Palavra é um elemento imprescindível e fundamental.
>> A oração do Pai-nosso: A oração do Pai Nosso dá início à entrega simbólica do irmão falecido nas mãos de Deus. Essa oração nos abre as portas dos céus, é uma forma de evocar, ao longo de toda a vida, nossa filiação a Deus. No batismo, a comunidade reza o pai-nosso em nome da e pela criança recém-batizada. O cristão retoma esta oração em cada missa, em cada cerimônia religiosa, nos momento de alegria e de tristeza, no desespero e no júbilo. No ritual das exéquias, mais uma vez a comunidade reunida, rezará a oração pai-nosso em nome e pelo irmão falecido. O cristão deixa a comunidade e parte ao encontro de Deus com esse manifesto de filiação.
>> O rito de encomendação e a despedida: A ultima recomendação e despedida ocupa o lugar da antiga absolvição do rito romano, trata-se da ultima despedida com que a comunidade cristã saúda um de seus membros e reza por ele, antes que o corpo seja levado para a sepultura. O ritual se desenvolve da seguinte maneira: o presidente introduz uma monição, depois segue alguns momentos em silêncio, o gesto de aspersão e o cântico de despedida, elemento importantíssimo já que sublinha o caráter pascal e festivo de todo rito. Pode-se autorizar um representante dos parentes ou amigos do defunto que pronuncie algumas palavras de despedida e gratidão aos presentes.
4.2 Símbolos e ações significativas.
O ritual de exéquias descreve vários tipos de celebrações, e sugere que se aceite o que houver de bom nas tradições familiares e nos costumes de cada região. Abaixo estão algumas ações simbólicas e significativas:
·Cor litúrgica: se possível usar branco, cor de ressurreição.
·Aspergir o corpo com água benta na casa do morto e na ultima encomendação: lembrança do batismo. Agora está completando sua páscoa, sua ida para a casa do Pai.
·Procissão com o corpo tendo a cruz na frente: expressa nossa vida de seguimento de Jesus, desemboca na morte e na ressurreição, comunhão com todos(as) na casa do Pai.
·A colocação do corpo na igreja: se for leigo (a), com o rosto voltado para o altar, se é ministro ordenado, com o rosto voltado para o povo. Mesmo depois de morto continua fazendo parte do povo de Deus, e será lembrado nas celebrações litúrgicas.
· Em cima do caixão, o livro do Evangelho ou a Bíblia; ao redor, velas acesas ou o círio pascal junto da cabeça do morto: sentido evangélico e pascal pelo qual foi marcada a vida da pessoa falecida.
· Em cima do caixão, o livro do Evangelho ou a Bíblia; ao redor, velas acesas ou o círio pascal junto da cabeça do morto: sentido evangélico e pascal juntamente com a oferta pascal de Jesus Cristo. No corpo de Cristo, continuamos unidos (as) com todos (as) que nos procederam na morte, na esperança da ressurreição e do banquete na festa do Reino de Deus. Creio na comunhão dos santos, na ressurreição da carne, na vida eterna...
·Benção do túmulo (com aspersão): pedindo o repouso tranqüilo da pessoa falecida nesta "última morada", na espera da ressurreição definitiva.
Conclusão
Ao término deste trabalho e com uma visão mais ampla do conceito, do sentido das exéquias cristãs, do desenvolvimento histórico e das ações litúrgicas das exéquias, é possível perceber a riqueza deste rito para o cristão. "O ritual das exéquias é um dos mais ricos da Igreja pela diversidade de situações passíveis de ser atendidas".
Ao caminharmos pela história, podemos também perceber as mudanças feitas ao longo de dois mil anos, e as adaptações de acordo com cada realidade e cultura. No Brasil, com algumas modificações, a nova versão foi publicada em 1971, a partir daí, o ritual das exéquias tomou novos rumos adaptando-se às realidades e as culturas das diversas regiões do Brasil.
BIBLIOGRAFIA
BORÓBIO, Díonisio. A celebração na Igreja - Os sacramentos. Vol. 2. São Paulo: Loyola, 1993.
BUYST, Ione, Celebrar com símbolos. São Paulo: Paulinas, 2001.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1999.
DICIONÁRIO DE PASTORAL, verbete: exéquias. São Paulo, editora Santuário.
MIRANDA, Evaristo E. A foice da lua no campo das estrelas – Ministrar exéquias. São Paulo: Loyola, 1998.
SCICOLONE, Hildebrando. Os sacramentais e as bênçãos. São Paulo: Paulinas, 1993.
SACROSANCTUM CONCILIUM. Documentos da Igreja. São Paulo: Paulus, 1997.
Elaboração: Fabiano Vuelma
fonte: br.geocities.com/hermes_filosofia/exequias
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