Os Sete Sábios
Sete sábios, cada um de uma religião, discutiam qual deles conhecia, realmente, a verdade.
Um rei muito sábio que observava a discussão aproximou-se e perguntou:
- O que vocês estão discutindo?
- Estamos tentando descobrir qual de nós é dono da verdade.
Ao
escutar isso, o rei, imediatamente, pediu a um de seus servos que
levasse sete cegos e um elefante até o seu castelo. Quando os cegos e o
elefante chegaram ao palácio, o rei mandou chamar os sete sábios e
pediu-lhes que observassem o que aconteceria a seguir.
O sábio rei pediu aos cegos que tocassem o elefante e o descrevessem, um de cada vez.
O primeiro cego tocou a tromba do elefante e disse:
- É comprido, parece uma serpente.
O segundo tocou-o no dente e disse:
- É duro, parece uma pedra.
O terceiro segurou-lhe o rabo e disse:
- É cheio de cordinhas.
O quarto pegou na orelha e disse:
- Parece um couro bem grosso.
E assim, sucessivamente, cada cego descreveu o elefante de acordo com a parte dele que estava tocando.
Quando todos terminaram de descrever o animal, o rei perguntou aos sete sábios:
- Algum desses cegos mentiu?
- Não! – responderam os sábios em coro – Todos falaram a verdade.
Então, o rei perguntou:
- Mas algum deles disse realmente o que é um elefante?
- Não, nenhum cego disse o que é um elefante, mesmo porque cada um tocou apenas uma parte dele – disse um dos sábios.
-
Vocês, sábios, que estão discutindo quem é dono da verdade, parecem
cegos. Todos estão falando a verdade, mas, como os sete cegos, cada um
se refere apenas a uma parte dela – disse o sábio rei, concluindo:
- Ninguém é dono da verdade, porque cada um a vê de ângulo diferente…
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Estória dos dois videntes
Pressentindo
que seu país em breve iria mergulhar numa guerra civil, o sultão chamou
um dos seus melhores videntes, e perguntou-lhe quanto tempo ainda lhe
restava de vida.
- Meu adorado mestre, o senhor viverá o bastante para ver todos os seus filhos mortos.
Num
acesso de fúria, o sultão mandou imediatamente enforcar aquele que
proferira palavras tão aterradoras. Então, a guerra civil era realmente
uma ameaça!
Desesperado, chamou um segundo vidente.
- Quanto tempo viverei? – perguntou, procurando saber se ainda seria capaz de controlar uma situação potencialmente explosiva.
- Senhor, Deus lhe concedeu uma vida tão longa, que ultrapassará a geração dos seus filhos, e chegará a geração dos seus netos.
Agradecido, o sultão mandou recompensá-lo com ouro e prata.
Ao sair do palácio, um conselheiro comentou com o vidente:
- Você disse a mesma coisa que o adivinho anterior. Entretanto, o primeiro foi executado, e você recebeu recompensas. Por que?
-
Porque o segredo não está no que você diz, mas na maneira como diz.
Sempre que precisar disparar a flecha da verdade, não esqueça de antes
molhar sua ponta num vaso de mel.
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Só a fé não basta, é preciso ação…
Num
vale, bem longe da cidade, morava um homem piedoso que tentava viver em
harmonia com a vontade de Deus. Um dia sobreveio uma grande tempestade. A
chuva parecia que nunca mais ia parar e todo o vale foi sendo inundado.
Quando as águas começaram a subir, o homem buscou refúgio no segundo
andar da sua casa. Mas a chuva continuou, inclemente, e logo ele se viu
obrigado a subir no telhado da casa. Foi quando apareceu uma canoa de
salvamento para levá-lo a um lugar seguro. O homem, porém, mandou a
canoa embora, dizendo:
– Tenho plena fé em Deus. Rezo sem cessar e acredito e confio que Ele cuidará de mim.
A
contragosto, os homens da canoa partiram. A tempestade, no entanto,
continuou, e logo as águas já chegavam ao seu pescoço. Um segundo bote
de salvamento apareceu, mas foi dispensado da mesma maneira: “Tenho
plena fé em Deus. Rezo sem cessar e acredito e confio que Ele cuidará de
mim.”
A
chuva não dava sinais de se abater. As águas haviam subido tanto que o
homem mal podia respirar pela boca e nariz, quando apareceu um
helicóptero sobrevoando a região. Lançaram lá de cima uma escada de
cordas para que subisse.
– Suba – insistiram os homens do helicóptero. – Nós o levaremos a um lugar seguro.
– Não
– gritou o homem, repetindo as mesmas palavras. – Tenho plena fé em
Deus. Rezo sem cessar e acredito e confio que Ele cuidará de mim. – E
mandou o helicóptero embora.
Mas a chuva não parou. As águas continuaram subindo e, por fim, o homem acabou morrendo afogado.
Foi
para o céu. Passado algum tempo, concederam-lhe uma entrevista com Deus.
Ao ser introduzido à presença do Todo-Poderoso, o homem falou da sua
perplexidade.
–
Senhor, eu tinha tanta fé em Vós. Eu acreditei em Vós de todo o meu
coração. Orei sem cessar e procurei seguir a Vossa vontade. Simplesmente
não entendo o que aconteceu.
Deus então coçou a cabeça e disse:
– Também não entendo. Eu lhe enviei dois botes de salvamento e um helicóptero…
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A divindade dos homens
Houve
um tempo em que todos os homens eram deuses. Mas eles abusaram tanto de
sua divindade que Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes
retirar o poder divino. Resolveu então escondê-lo em um lugar onde seria
absolutamente impossível reencontrá-lo. O grande problema era encontrar
um esconderijo. Brahma convocou um conselho dos deuses menores, para
juntos resolverem o problema.
- Enterremos a divindade do homem na terra, foi a primeira ideia dos deuses.
- Não, isso não basta, pois o homem vai cavar e encontrá-la.
Então os deuses retrucaram:
- Joguemos a divindade no fundo dos oceanos.
Mas
Brahma não aceitou a proposta, pois achou que o homem, um dia iria
explorar as profundezas dos mares e a recuperaria. Então os deuses
concluíram:
- Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra ou no mar lugar que o homem não possa alcançar um dia.
Brahma então se pronunciou:
- Eis
o que vamos fazer com a divindade do homem: vamos escondê-la nas
profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais pensará
em procurá-la.
Desde
esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na terra, explorou
escalou, mergulhou e cavou, em busca de algo que se encontra nele mesmo.
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Estrelas do mar
Jack Canfield e Mark Hansen
Um
homem estava caminhando ao pôr do sol em uma praia deserta mexicana. À
medida que caminhava, começou a avistar outro homem a distância. Ao se
aproximar do nativo, notou que ele se inclinava, apanhando algo e
atirando na água. Repetidamente, continuava jogando coisas no mar.
Ao se
aproximar ainda mais, nosso amigo notou que o homem estava apanhando
estrelas do mar que haviam sido levadas para a praia e, uma de cada vez,
as estava lançando de volta à água.
Nosso amigo ficou intrigado. Aproximou-se do homem e disse:
_ Boa
tarde, amigo. Estava tentando adivinhar o que você está fazendo. _
Estou devolvendo estas estrelas do mar ao oceano. Você sabe, a maré está
baixa e todas as estrelas do mar foram trazidas para a praia. Se eu não
as lançar de volta ao mar, elas morrerão por falta de oxigênio.
_
Entendo, respondeu o homem, mas deve haver milhares de estrelas do mar
nesta praia. Provavelmente, você não será capaz de apanhar todas elas. É
que são muitas, simplesmente. Você percebe que provavelmente isso está
acontecendo em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não
fará diferença alguma?
O nativo sorriu, curvou-se, apanhou uma outra estrela do mar e, ao arremessá-la de volta ao mar, replicou:
- Fez diferença para aquela.
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Estamos aqui só de passagem.
Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
- E onde estão os seus?
- Os meus?! – surpreendeu-se o turista – Mas estou aqui só de passagem!
- Eu também… – concluiu o sábio.
“A
vida na Terra é somente uma passagem… No entanto, alguns vivem como se
fossem ficar aqui eternamente e se esquecem de ser felizes.”
“Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual… Somos seres espirituais passando por uma experiência humana…
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As sete maravilhas do mundo
As sete maravilhas do mundo
Um
grupo de alunos estudava as sete maravilhas do mundo. No final da aula,
foi pedido aos estudantes que fizessem uma lista do que consideravam as
sete maravilhas. Embora houvesse algum desacordo, começaram os votos:
1) O Taj Mahal
2) A Muralha da China
3) O Canal do Panamá
4) As pirâmides do Egito
5) O Grand Canyon
6) O Empire State Building
7) A Basília de São Pedro
Ao
recolher os votos, o professor notou uma estudante muito quieta. A
menina não tinha virado sua folha ainda. O professor então perguntou a
ela se tinha problemas com sua lista. A menina quieta respondeu:
- Sim, um pouco. Eu não consigo fazer a lista, porque são muitos.
O professor disse:
- Bem, diga-nos o que você já tem e talvez nós possamos ajudá-la.
A menina hesitou, então leu:
- Eu penso que as sete maravilhas do mundo sejam:
1 – Ver
2 – Ouvir
3 – Tocar
4 – Provar
5 – Sentir
6 – Rir
7 – E amar …
A sala então ficou completamente em silêncio…
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Aprendendo a conversar com Deus
Da tradição Sufi
Nasrudin, certa vez, estava sem um burrico que o ajudasse em seus afazeres.
Desesperado,
sem ter meios de encontrar um, começou a orar, pedindo a Deus que lhe
enviasse um burrico. Rezou por algum tempo e, certo dia, ao andar por
uma estrada, deparou-se com um homem montado num burrico e atrás estava
um outro burrico mais jovem.
Nasrudin aproximou-se do homem e este lhe disse:
-
Mas que vergonha, eu estou trazendo um burrico de tão longe, estamos
todos esgotados, e aqui está este homem descansado, sem fazer nada!
E ameaçando-o com uma espada, completou:
- Vamos! Coloque o burrico nas suas costas e venha comigo até a próxima cidade!’
Nasrudin,
com medo não disse nada, simplesmente colocou o burrico em suas costas e
seguiu o homem. Andaram por várias horas e Nasrudin estava exausto de
tanto peso. Ao entardecer, chegaram na cidade mais próxima e o homem
simplesmente fez Nasrudin descer o burrico das suas costas e seguiu
adiante, sem sequer agradecer.
Nasrudin ergueu os seus olhos para o céu e disse:
- Está bem, Deus. Aprendi a minha lição. Na próxima vez serei mais específico…
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O monge mordido
Um
monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma
ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu
pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o
trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o
cair novamente no rio. Foi então à margem, tomou um ramo de árvore,
adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o
escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na
estrada . Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e
penalizados.
-
Mestre, você deve estar muito doente! Por que foi salvar esse bicho
ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele
respondeu à sua ajuda, picou a mão que o salvara! Não merecia sua
compaixão!
O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha.
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A colher e o oceano
Osho
Osho
Conta-se
que um dia, Aristóteles caminhava pela praia, perto do mar, quando viu
um homem trazendo água do mar numa colher e jogando-a num pequeno buraco
que havia cavado na areia. Aristóteles estava às voltas com seus
próprios problemas. Não deu muita importância ao fato – uma vez, duas,
chegou mais perto e ficou olhando para o homem, mas este estava tão
absorto que Aristóteles ficou curioso: “O que está fazendo?” Era difícil
de acreditar; o homem estava completamente absorto. Ia até o mar,
enchia a colher, trazia água, colocava-a no buraco, voltava para o mar…
Por
fim, Aristóteles disse: “Espere! Não quero perturbá-lo, mas o que você
está fazendo? Está me deixando tremendamente curioso.”
O homem disse: “Vou colocar todo o oceano neste buraco.”
Aristóteles
riu. Disse: “Você é um tolo! Isso não vai acontecer. Você é
simplesmente louco e está perdendo sua vida! Olhe a vastidão do oceano e
a pequenez do seu buraco – e com uma colherzinha você pretende trazer o
oceano para este buraco? Está simplesmente louco! Vá para casa e
descanse um pouco.”
O homem riu ainda mais alto que Aristóteles e disse: “Sim, irei, pois meu trabalho está feito”.
Aristóteles disse: “O que você quer dizer com isso?”
Ele
respondeu: “O mesmo que você – só que sua tolice é ainda maior. Olhe
para sua cabeça: ela é menor que o meu buraco. E olhe para o Divino,
para a Existência: é muito mais vasta do que o oceano. E sua lógica,
será que é maior que minha colher?”
E o homem se foi, às gargalhadas.
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Falando sobre Amor
Paulo Coelho – Maktub
Diz o mestre:
Todos nós precisamos de amor.
O amor faz parte da natureza humana – tanto quanto comer,beber, e dormir.
Muitas vezes sentamos diante de um belo pôr-do-sol, completamente sós, e pensamos:
“Nada disto tem importância, porque não posso compartilhar toda esta beleza com alguém.”
Nestes
momentos, vale a pena perguntar: quantas vezes nos pediram amor, e nós
simplesmente viramos o rosto para o outro lado? Quantas vezes tivemos
medo de nos aproximar de alguém, e dizer, com todas as letras, que estávamos apaixonados?
Cuidado
com a solidão. Ela vicia tanto quanto as drogas mais perigosos. Se o
pôr-do-sol parece não ter mais sentido para você, seja humilde, e parta
em busca de amor. Saiba que – assim como outros bens espirituais -,
quanto mais estiver disposto a dar, mais você receberá em troca.
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Decisões
Há
uma anedota Zen sobre uma mulher, que não conseguia decidir-se por qual
porta deveria sair de certo aposento. Ambas as portas levavam ao mundo
exterior. Após algumas horas de indecisão, ela empilhou algumas esteiras
diante de uma das saídas e caiu em um sono profundo. De manhã cedo,
levantou-se e examinou o mesmo problema novamente. Uma das portas estava
livre, mas a outra estava bloqueada por uma pilha de esteiras. Ela
suspirou finalmente: “Agora eu não tenho escolha.”
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Chávena de Chá
Um
professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe
perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação e muitas outras coisas. O
Mestre ouviu-o em silêncio e depois disse.
- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longínquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá.
O
Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando
o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a
enchê-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o
seu visitante gritou:
- Pára. Não vês que o pires está cheio?
-
É exatamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de
perguntas que mesmo que eu responda, não tens nenhum espaço para a
resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta…
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Atravessando o Rio
Dois
monges viajavam juntos por um caminho lamacento. Chovia
torrencialmente, o que dificultava a caminhada. A certa altura tinham
que atravessar um rio, cuja água lhes dava pela cintura. Na margem,
estava uma moça que parecia não saber o que fazer:
- Quero atravessar para o outro lado, mas tenho medo.
Então
o monge mais velho carregou a moça às suas costas para a outra margem.
Horas depois, o monge mais novo não se conteve e perguntou:
-
Nós, monges, não devemos nos aproximar das mulheres, especialmente se
forem jovens e atraentes. É perigoso. Por que fez aquilo?
- Eu deixei a moça lá. Você ainda a está carregando?
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Inferioridade
Um samurai, conhecido por
todos pela sua nobreza e honestidade, veio visitar um monge Zen em
busca de conselhos. Entretanto, assim que entrou no templo onde o mestre
rezava, sentiu-se inferior, e concluiu que, apesar de toda a sua vida
ter lutado por justiça e paz, não tinha sequer chegado perto ao estado
de graça do homem que tinha à sua frente.
- Por que razão me estou a
sentir tão inferior a si? Já enfrentei a morte muitas vezes, defendi os
mais fracos, sei que não tenho nada do que me envergonhar. Entretanto,
ao vê-lo meditar, senti que a minha vida não tem a menor importância.
- Espere. Assim que eu tiver atendido todos os que me procurarem hoje, eu dou-te a resposta.
Durante o resto do dia o
samurai ficou sentado no jardim do templo, a olhar para as pessoas que
entraram e saíram à procura de conselhos. Viu como o monge atendia a
todos com a mesma paciência e com o mesmo sorriso luminoso no seu rosto.
Mas o seu estado de ânimo ficava cada vez pior, pois tinha nascido para
agir, não para esperar. De noite, quando todos já tinham partido, ele
insistiu:
- Agora podes-me ensinar?
O mestre pediu que
entrasse, e conduziu-o até o seu quarto. A lua cheia brilhava no céu, e
todo o ambiente inspirava uma profunda tranquilidade.
- Estás a ver esta lua,
como ela é linda? Ela vai cruzar todo o firmamento, e amanhã o sol
tornará de novo a brilhar. Só que a luz do sol é muito mais forte, e
consegue mostrar os detalhes da paisagem que temos à nossa frente:
árvores, montanhas, nuvens. Tenho contemplado os dois durante anos, e
nunca escutei a lua a dizer: por que não tenho o mesmo brilho do sol?
Será que sou inferior a ele?
- Claro que não –
respondeu o samurai. – Lua e sol são coisas diferentes, e cada um tem
sua própria beleza. Não podemos comparar os dois.
- Então, tu sabes a
resposta. Somos duas pessoas diferentes, cada qual a lutar à sua maneira
por aquilo que acredita, e a fazer o possível para tornar este mundo
melhor; o resto são apenas aparências.
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A Rocha
O aluno perguntou ao Mestre :
- Como faço para me tornar o maior dos guerreiros ?
- Vá atrás daquelas colina e insulte a rocha que se encontra no meio da planície.
- Mas para que, se ela não vai me responder ?
- Então golpeie-a com a tua espada.
- Mas minha espada se quebrará !
- Então agrida-a com tuas próprias mãos.
- Assim eu vou machucar
minhas mãos … E também não foi isso que eu perguntei. O que eu queria
saber era como que eu faço para me tornar o maior dos guerreiros.
- O maior dos guerreiros e
aquele que é como a rocha, não liga para insultos nem provocações, mas
está sempre pronto para desvencilhar qualquer ataque do inimigo
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O inferno e o céu
Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e sacando da bainha a sua espada, berrou:
- Eu poderia matar-te por tua impertinência!
- Isso é o Inferno – respondeu o Mestre
Espantado por ver a verdade no que o mestre dizia, o samurai embainhou a espada e sorriu, fazendo-lhe uma reverência…
- E isso é o Céu – disse o Mestre.
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Beber Chá
Temos que estar
totalmente despertos para apreciar o chá como deve ser. Temos que estar
no momento presente. Apenas com a consciência no presente, as nossas
mãos podem sentir o agradável calor da xícara. Apenas no presente
podemos apreciar o aroma, sentir a doçura e saborear a delicadeza. Se
lembramos somente o passado ou ficamos preocupados com o futuro,
perdemos por completo, a experiência de apreciar a xícara de chá.
Olharemos para a xícara e o chá já terá terminado.
Quando pararmos de pensar
no que já aconteceu, quando pararmos de nos preocupar com o que poderá
nunca vir a acontecer, então estaremos no momento presente. Só então
começaremos a experimentar a alegria de viver…
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O Chapéu de Chuva à Porta
Certa vez, um Mestre
mandou que chamassem determinado discípulo, que se encontrava recluso em
sua cabana, nos arredores de um mosteiro Zen. Este discípulo já estava
com esse Mestre há anos, treinando sob sua direcção. Como o Mestre tinha
muitos discípulos, era difícil de se conseguir uma entrevista
particular com ele. O discípulo achou inusitado o fato do Mestre estar
chamando-o para uma conversa. Começou a ficar excitado, pensando: “o que
será que o Mestre deseja de mim?”, “será que ele vai me perguntar
alguma coisa sobre o Dharma, para me testar?”, “será que ele deseja me
atribuir algum cargo ou tarefa?”. Com a mente repleta de pensamentos,
pôs-se o monge a andar. Como estava chovendo, levou seu guarda-chuva.
Ao chegar à casa do
Mestre, ele fechou o guarda-chuva, colocou-o a um canto. Pôs suas
sandálias molhadas do lado do guarda-chuva. Na frente do Mestre, fez as
mesuras que mandam a etiqueta monástica e sentou-se. O Mestre então foi
logo perguntando:
- Quando você entrou aqui, de que lado do guarda-chuva você deixou suas sandálias?
O monge discípulo não conseguiu se lembrar com certeza. O Mestre então declarou:
- Volte para sua cabana e medite!
Desta maneira, o Mestre
quis dizer que meditação e vida quotidiana são uma única realidade. Não
podemos separar a nossa vida diária do ato de atenção com que devemos
fazer todas as coisas…
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