Francisco de Mendonça Mar, nascido em Portugal, em 1657. Era filho de um ourives em Lisboa. Exerceu a profissão do pai sendo ourives e pintor. Com vinte e poucos anos de idade, em 1679, chegou a Bahia (Salvador), onde se instalou, tendo sua própria oficina e serventes – escravos seus.
No ano de 1688, foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, na Bahia. Ao invés de receber o pagamento, foi levado à cadeia, com dois de seus escravos, e cruelmente açoitado.
Tocado pela divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, aprendeu Francisco que a única coisa que vale, é a salvação eterna. Resolveu então deixar tudo e buscar o deserto mais remoto para sacrificar sua vida por Deus. Esse era o motivo pelo qual ele deixou o mundo – para a Glória do Senhor Bom Jesus e para o bem dos outros. Não procurava nem fama, nem riquezas mundanas, mas imitar o Bom Jesus nas palavras e obras.
Pois seria errado afirmar que ele “procurava o trabalho e foi obrigado a abdicar de seus direitos de trabalhador… ” Ele não foi obrigado a isso por ninguém, era a livre decisão dele. Pois distribuindo os seus bens, fez-se pobre e acompanhado duma imagem de Cristo Crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro. Atravessou o sertão da Bahia, vestido de um grosso burel. Caminhou cerca de duzentas léguas entre tribos ferozes de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol, esteve exposto aos perigos das onças, cobras, mosquistos e outros entes selvagens que habitavam nas florestas virgens do sertão.
Uma tarde, depois de vários meses de incessante caminhada, avistou um morro, subiu uma áspera ladeira, e por uma abertura na pedra penetrou numa gruta. Lá dentro encontrou uma prodigiosa cavidade, tão proporcional a Cruz que levava, que ali a colocou. Era exatamente isso, que procurava! Um perfeito Monte Calvário. Era um sinal de Deus, de que deveria ficar!
Aqui, à margem do Rio São Francisco, começou uma vida de eremita, na solidão e oração, venerando o Senhor Bom Jesus, que morreu na cruz pela nossa salvação e louvando a Maria, Sua Mãe, a Virgem da Soledade.
Esta gruta, anteriormente habitação de onças, tornou-se a morada dele e logo foi convertida por Francisco em lugar de oração, em templo católico! Foi no ano de 1691.
Dedicado à oração e à penitência, “O MONGE” Francisco, percebeu logo que o amor à Deus não pode ser isolado da vida, mas inserido nela, então começou o trabalho em favor dos mais necessitados. Trazia ele para junto de si os pobres, doentes, infelizes e aleijados, a fim de serví-los com amor, desenvolvendo seu apostolado também entre os índios da redondeza.
No mesmo tempo em que Francisco descobriu a Gruta do Bom Jesus, foram descobertas as primeiras minas de ouro no território, que se chamaria posteriormente Minas Gerais.
E o Rio São Francisco era na época o melhor e único caminho de penetrar no interior do Brasil. Diz
Euclides da Cunha no seu livro “Os Sertões”: “Vedado nos caminhos diretos e normais à costa,
mais curtos porém, interrompidos pelos paredões das serras ou trancados pelas matas, o acesso fazia-se pelo Rio São Francisco. Abrindo aos exploradores duas estradas únicas, à nascente e à foz, levando os homens do sul ao encontro dos homens do norte. O grande rio erigia-se desde o princípio com a feição entre as duas sociedades que não se conheciam…”
Daí começou o movimento. Levas intermináveis de aventureiros, caçadores de ouro, mascates e vaqueiros, subiam o Rio São Francisco, fazendo pouso nesta Lapa, para rezar, fazer promessas, dar graças a Deus peranteas imagens do Bom Jesus e de Nossa Senhora da Soledade, colocadas pelo Monge num altar da capela-mor da Gruta.
Pelo seu exemplo e pelas suas palavras, Francisco “O Monge da Gruta”, conseguiu fazer brotar nos corações de muita gente o amor ao Bom Jesus e à Sua Santa Mãe.
Como exemplo de fé viva e amor, construiu às portas da gruta, o primeiro hospital de doentes e o asilo dos pobres, sendo ele próprio enfermeiro e protetor daquela gente sofredora.
Francisco mostrava a imagem do Bom Jesus pregado na cruz para todos aqueles que curava, dizendo-lhes que foi o Bom Jesus quem fez aquela cura e ainda deseja curar dentro de nós todos os males que prejudicam nossa pessoa e a do nosso próximo.
Gruta-Capela
A venerada Imagem de Cristo Crucificado, sob o título
de Bom Jesus, ficou exposta dentro da gruta atraindo a todos que
passavam por perto. O culto ao Senhor Bom Jesus, que morreu na cruz pela
nossa salvação, começou a conquistar os corações, até dos intrépidos
bandeirantes, caçadores de ouro e conquistadores de terras. Assim foi
descoberto o Santuário do Senhor Bom Jesus, chamado “da Lapa” pois foi
na Gruta onde ficou a imagem d’Ele, exposta.
Já citado antes, Euclides da Cunha, revela “… os possuidores do solo, de que são os modelos clássicos, os herdeiros de Antônio Guedes de Brito, eram ciosos de dilatados latifúndios, sem raias, avassalando a terra. A custo toleravam a intervenção da própria metrópole. A ereção de capelas ou paróquias, em suas terras fazia-se sempre através de controvérsias com os padres e, embora estes afinal ganhassem a partida, caiam de algum modo sob o domínio dos grandes. Estes dificultavam a entrada de novos povoadores ou concorrentes e tornavam as fazendas de criação dispersas em torno das frequesias recém-formadas, poderosos centros de atração à raça mestiça que delas promanava: Assim, esta se desenvolveu fora do influxo de outros elementos… adquirindo uma fisionomia original.
Como que se criaram num país diverso…”
Francisco de Mendonça Mar, por seu modo de viver que escolheu e com o apostolado que desenvolveu, não caiu sob o domínio, nem numa dependência dos grandes, mas sim, criou uma entidade autônoma, independente dos poderosos deste mundo, recebendo direto do Rei de Portugal a doação de terras para o Santuário. Esse gesto lhe proporcionou insenções de qualquer ingerência e colocou no nível de donatário da coroa.
Foi por isso que o Santuário do Bom Jesus da Lapa, nunca na sua história, pertenceu a algum proprietário de latifúndios. Era isento, embora as terras dele ao longo da história, aos poucos, fossem roubadas e, até mesmo o próprio Morro, mutilado e invadido à força pelos caciques locais, que após 300 anos estão se perguntando: “E a escritura? O Santuário será que tem a escritura da prefeitura municipal?”
Francisco vivia humildemente da pesca e de pequena horta. Tornou-se conhecido pela sua bondade. Todos o admiravam.
Ele se ocultou, mas o Bom Jesus o revelou, pois os viandantes, que regressavam à Bahia, eram portadores da notícia de que no coração do sertão, numa linda gruta de um morro à margem do Rio São Francisco, morava o MONGE DA GRUTA, um homem que realizava um apostolado fecundo pregando o Evangelho do Bom Jesus.
Estas notícias chegaram aos ouvidos do Arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Monteiro da Vide.
Este, enviou em 1702 um Visitador Geral que constatou serem verdadeiras todas as notícias sobre o culto do Senhor Bom Jesus e sobre a vida exemplar do Monge. Levou portanto informação favorável, quer do bom espírito, que animava o Monge, quer do lugar em que a Santa Imagem de Cristo Crucificado era venerada por grande número de pessoas. Alí os sacerdotes, na sua passagem, já celebravam a Santa Missa, pois havia todos os paramentos necessários para o culto.
O Visitador Geral, vendo que o culto do Bom Jesus florescia e já existia romaria, embora pequena, erigiu aquele templo que a natureza havia fabricado, em capela, ou igreja, com o título de SENHOR BOM JESUS e de NOSSA SENHORA DA SOLEDADE.
Já citado antes, Euclides da Cunha, revela “… os possuidores do solo, de que são os modelos clássicos, os herdeiros de Antônio Guedes de Brito, eram ciosos de dilatados latifúndios, sem raias, avassalando a terra. A custo toleravam a intervenção da própria metrópole. A ereção de capelas ou paróquias, em suas terras fazia-se sempre através de controvérsias com os padres e, embora estes afinal ganhassem a partida, caiam de algum modo sob o domínio dos grandes. Estes dificultavam a entrada de novos povoadores ou concorrentes e tornavam as fazendas de criação dispersas em torno das frequesias recém-formadas, poderosos centros de atração à raça mestiça que delas promanava: Assim, esta se desenvolveu fora do influxo de outros elementos… adquirindo uma fisionomia original.
Como que se criaram num país diverso…”
Francisco de Mendonça Mar, por seu modo de viver que escolheu e com o apostolado que desenvolveu, não caiu sob o domínio, nem numa dependência dos grandes, mas sim, criou uma entidade autônoma, independente dos poderosos deste mundo, recebendo direto do Rei de Portugal a doação de terras para o Santuário. Esse gesto lhe proporcionou insenções de qualquer ingerência e colocou no nível de donatário da coroa.
Foi por isso que o Santuário do Bom Jesus da Lapa, nunca na sua história, pertenceu a algum proprietário de latifúndios. Era isento, embora as terras dele ao longo da história, aos poucos, fossem roubadas e, até mesmo o próprio Morro, mutilado e invadido à força pelos caciques locais, que após 300 anos estão se perguntando: “E a escritura? O Santuário será que tem a escritura da prefeitura municipal?”
Francisco vivia humildemente da pesca e de pequena horta. Tornou-se conhecido pela sua bondade. Todos o admiravam.
Ele se ocultou, mas o Bom Jesus o revelou, pois os viandantes, que regressavam à Bahia, eram portadores da notícia de que no coração do sertão, numa linda gruta de um morro à margem do Rio São Francisco, morava o MONGE DA GRUTA, um homem que realizava um apostolado fecundo pregando o Evangelho do Bom Jesus.
Estas notícias chegaram aos ouvidos do Arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Monteiro da Vide.
Este, enviou em 1702 um Visitador Geral que constatou serem verdadeiras todas as notícias sobre o culto do Senhor Bom Jesus e sobre a vida exemplar do Monge. Levou portanto informação favorável, quer do bom espírito, que animava o Monge, quer do lugar em que a Santa Imagem de Cristo Crucificado era venerada por grande número de pessoas. Alí os sacerdotes, na sua passagem, já celebravam a Santa Missa, pois havia todos os paramentos necessários para o culto.
O Visitador Geral, vendo que o culto do Bom Jesus florescia e já existia romaria, embora pequena, erigiu aquele templo que a natureza havia fabricado, em capela, ou igreja, com o título de SENHOR BOM JESUS e de NOSSA SENHORA DA SOLEDADE.
“O Monge – Torna-se Padre”
O Arcebispo chamou “O Monge” à Bahia (Salvador) e,
após uma preparação, ordenou-o sacerdote em 1706. Nomeou-o Capelão do
“Santuário do Senhor Bom Jesus da Lapa e de Nossa Senhora da Soledade”.
Em homenagem à ela, o Monge da Gruta passou a chamar-se PADRE FRANCISCO
DA SOLEDADE.
Padre Francisco voltou à Gruta, organizou o culto, levado pelo zelo apostólico, pregava por toda a parte o Santo Evangelho, administrando os sacramentos, aconselhando e curando os doentes, consolando os escravos; tornando o Bom Jesus e a Senhora da Soledade, mais conhecidos e amados.
Em resposta ao amor do Senhor Bom Jesus, este povo sentia a obrigação de peregrinar até a gruta, visitando nela a sua Imagem, principalmente nos dias das festas (06 de agosto e 15 de setembro de cada ano), a fim de agradecer as graças recebidas.
Assim, nasceu a ROMARIA, que até hoje continua sendo uma expressão de fé e amor ao Bom Jesus.
Padre Francisco da Soledade, “o Monge da Gruta”, foi o iniciador do culto ao Bom Jesus e o organizador do Santuário. Foi ele que fez os primeiros altares, conseguiu parâmentos, castiçais, a imagem de Santo Antônio de Lisboa e a de Nossa Senhora da Soledade.
A gruta tornou-se o Santuário do Senhor Bom Jesus: convertera-se em igreja maravilhosa, lugar de descanso e devoção para os viajantes, em centro de peregrinação e romaria, tendo enfermaria, hospital de doentes e asilo de pessoas pobres, as quais todas elas eram tratadas com muita caridade. Foi também centro de agricultura, visto que o “Monge” plantava as lavouras do sertão, além disso, tornou-se centro de missões, de onde estas se irradiaram para os lugares mais afastados do imenso sertão.
É quase certo que o Padre Francisco morreu na Lapa. Pobre, humilde e piedoso como havia vivido, entregou seu espírito ao Criador no mesmo Santuário, que ele fundara. Sua morte ocorreu provavelmente depois de 1722, com mais ou menos 65 anos de idade.
A tradição nos aponta a “Cova do Monge”, ao lado direito do altar-mor, como lugar onde foi enterrado seu corpo. É a mesma cova onde fazia orações e penitências e que lhe servia de dormitório. Lá se pode ver uma pedra de mármore preto com a inscrição: “AQUI FOI SEPULTADO O PADRE FRANCISCO DA SOLEDADE, SACERDOTE SECULAR, QUE TROUXE A IMAGEM MILAGROSA DO BOM JESUS A ESTA LAPA E NELA VIVEU EM ORAÇÃO E PENITÊNCIA. DESCANSE."
Padre Francisco voltou à Gruta, organizou o culto, levado pelo zelo apostólico, pregava por toda a parte o Santo Evangelho, administrando os sacramentos, aconselhando e curando os doentes, consolando os escravos; tornando o Bom Jesus e a Senhora da Soledade, mais conhecidos e amados.
Em resposta ao amor do Senhor Bom Jesus, este povo sentia a obrigação de peregrinar até a gruta, visitando nela a sua Imagem, principalmente nos dias das festas (06 de agosto e 15 de setembro de cada ano), a fim de agradecer as graças recebidas.
Assim, nasceu a ROMARIA, que até hoje continua sendo uma expressão de fé e amor ao Bom Jesus.
Padre Francisco da Soledade, “o Monge da Gruta”, foi o iniciador do culto ao Bom Jesus e o organizador do Santuário. Foi ele que fez os primeiros altares, conseguiu parâmentos, castiçais, a imagem de Santo Antônio de Lisboa e a de Nossa Senhora da Soledade.
A gruta tornou-se o Santuário do Senhor Bom Jesus: convertera-se em igreja maravilhosa, lugar de descanso e devoção para os viajantes, em centro de peregrinação e romaria, tendo enfermaria, hospital de doentes e asilo de pessoas pobres, as quais todas elas eram tratadas com muita caridade. Foi também centro de agricultura, visto que o “Monge” plantava as lavouras do sertão, além disso, tornou-se centro de missões, de onde estas se irradiaram para os lugares mais afastados do imenso sertão.
É quase certo que o Padre Francisco morreu na Lapa. Pobre, humilde e piedoso como havia vivido, entregou seu espírito ao Criador no mesmo Santuário, que ele fundara. Sua morte ocorreu provavelmente depois de 1722, com mais ou menos 65 anos de idade.
A tradição nos aponta a “Cova do Monge”, ao lado direito do altar-mor, como lugar onde foi enterrado seu corpo. É a mesma cova onde fazia orações e penitências e que lhe servia de dormitório. Lá se pode ver uma pedra de mármore preto com a inscrição: “AQUI FOI SEPULTADO O PADRE FRANCISCO DA SOLEDADE, SACERDOTE SECULAR, QUE TROUXE A IMAGEM MILAGROSA DO BOM JESUS A ESTA LAPA E NELA VIVEU EM ORAÇÃO E PENITÊNCIA. DESCANSE."
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